Basta ligar uma televisão, assistir a um filme, acessar a internet e comprar um videogame para que as crianças e adolescentes de hoje fiquem expostos a uma gama surpreendente de cenas de violência. Pesquisas mostram com clareza que passar horas fantasiando e representando algum tipo de violência só serve para instigar a ira e estimular o comportamento violento.

• Mas não é apenas a mídia a responsável pela existência de adolescentes e crianças raivosas a ponto de cometerem algum ato violento. Muitos estudos comprovam que comportamentos violentos têm origem na estrutura familiar. A educação é um fator fundamental no controle da agressividade. A criança aprende observando os pais sobre como se comportar e resolver problemas. Se os pais resolverem seus conflitos com os filhos agredindo, batendo ou espancando, é assim que eles se comportarão no futuro. Crianças agredidas se tornam agressivas. Os pais, querendo educar seus filhos mostrando o que é certo ou errado, acabam ensinando que o único meio de resolver problemas é através da violência.

• Esta forma de educação também acaba fazendo com que as crianças percam a confiança nos adultos, pois passam a elas uma mensagem contraditória, além de não oferecerem alternativas à violência. As crianças ficam confusas, pois os adultos desativam um padrão de comportamento quando os próprios fazem o contrário. Um exemplo é o pai bater no filho porque ele brigou e agrediu seu colega na escola. Qual a decisão mais provável de que uma criança possa tirar? “Se bater nos outros é errado, por que meu pai faz o mesmo comigo?”.

• Os pais são responsáveis ​​pelo que passam aos seus filhos. Até mesmo uma tapa fraca a criança pode interpretar como um gesto de desprezo e humilhação. Alguns pais deixam um grande vazio na vida de seus filhos, e essa lacuna pode ser preenchida por amigos tão revoltados quanto eles.

• Diante dessa realidade, como podemos fazer com que nossos filhos se preocupem com o que é certo e errado, com o próprio bem e com o bem dos outros, sem usar a agressividade como um meio?

• O melhor seria os pais trabalharem sob a orientação de um terapeuta competente ou buscar o máximo de informações possíveis. Crianças propensas à agressividade e violência sentem-se bastante desligadas dos pais. O primeiro passo seria a aproximação dos filhos através de muito diálogo e escuta.

• Desde muito pequenas, as crianças devem começar a aprender a resolver seus conflitos. O papel dos pais é incentivado esse comportamento. Como? Um exemplo seria: se o filho está discutindo com o irmão ou amiguinho, o adulto deveria tentar não interferir. As crianças, quando precisam de ajuda, pedem. Quando um adulto se envolve nos pequenos problemas que as crianças têm umas com as outras, ele fica impedindo que elas aprendam a se reconciliar sozinhas. Se o adulto perceber que ela pode se machucar, poderá interferir de uma forma que ajude uma criança que está com raiva a relaxar e se rir. Essa não é a hora de encontrar quem é o culpado da briga e muito menos entrevir com gritaria. A situação já está tensa e tudo o que uma criança precisa é de alguém que a ensine a relaxar. Quando há palavrões nas brigas, o papel do adulto é explicar o significado deles e o motivo pelo qual os outros não gostam de ouvir, mas nunca calar a boca da criança com uma tapa. O que as crianças precisam é aprender a identificar e a lidar com seus sentimentos e o que suas ações podem causar no outro.

• Esses são pequenos exemplos de como agir e ajudar as crianças a controlar sua raiva e agressividade, contribuindo assim para um futuro mais tranquilo. Interessante também seria se os pais instalassem o computador da família, a televisão e o DVD (vídeo) em uma área comum, pois assim o adolescente evitará acessar sites ou assistir filmes ou cenas relacionadas à sua educação. É claro que todos os jovens precisam de privacidade, mas não devem passar todo o seu tempo livre fechado no quarto.

• O adulto que costuma bater nas crianças deve refletir sobre o que faz e compreender por que perde o controle. Nenhum adulto tem o direito de se descontrolar a ponto de justificar uma agressão. Profissionais afirmam que quem aprende a lidar com seus próprios impulsos agressivos não precisa bater no outro para impor limites. Não é vergonha para um adulto admitir sua falta de controle e procurar ajuda; pelo contrário, é um ato de coragem e amor pelo próximo.

• Tudo o que nossos filhos precisam é sentir que são respeitados, mesmo com a presença da raiva e da agressividade em seus conflitos. Porém, isso não pode ser confundido com falta de limite. É fundamental que os pais expliquem aos seus filhos a ocorrência das outras pessoas em função de suas ações ofensivas, assim como os ensinam a encontrar outras alternativas para a resolução de seus conflitos sem violência.

• É importante que os pais fiquem atentos às mudanças de comportamento de seus filhos. Procure ajuda de um terapeuta caso percebam que seu filho esteja preocupado com dificuldades nos relacionamentos, notas baixas na escola, depressão, resistência de atividades com amigos, perda de apetite, insônia, isolamento, grupo de amigos desconhecidos dos pais, fascínio por armas de fogo ou outros meios de destruição, entre outras atitudes que os preocupam.

• São através de pequenos gestos que podemos contribuir para um mundo melhor.

CLEONICE DE FÁTIMA DE ANDRADE
CRP: 12/04023

Psicóloga Clínica Especialista – Terapia Cognitiva Comportamental
TC Joinville®
R. Ministro Calógeras, 708, 2º andar
Centro – Joinville/SC
Tel: 47 3028-8083