Nos últimos anos, os profissionais da saúde e também a mídia estão mais envolvidos e preocupados com o “todo” (mente e corpo) do ser humano. E, com isso, muitas informações técnicas, que ficaram nas prateleiras das bibliotecas, nas livrarias e na mente dos profissionais de cada área, estão sendo reescritas e traduzidas de forma mais acessível ao entendimento da população em geral O que tem contribuído enormemente para a procura por profissionais da saúde mental, mas também deixando muitas dúvidas sobre o que é o normal. e o patológico. É gratificante saber que, a cada dia, as pessoas estão se dando conta de que os problemas emocionais não são coisas de outro mundo, mas sim, como qualquer outra doença orgânica, são identificáveis, têm uma causa e tratamento.

• O transtorno obsessivo-compulsivo, por exemplo, é cada vez mais evidenciado na procura de ajuda externa, pois leva o indivíduo a um sofrimento intenso, se não for tratado. O que é o transtorno obsessivo-compulsivo? Ele é caracterizado pela presença de obsessões – pensamentos, ideias ou imagens recorrentes e benéficas que invadem a mente da pessoa, causando uma ansiedade intensa. Quando um indivíduo é tomado por essa ansiedade, ele tenta reduzi-la por meio das compulsões, que popularmente chamamos de manias ou rituais. As compulsões são comportamentos, ações ou atitudes repetitivas que uma pessoa adota para aliviar seu sofrimento e reduzir o sentimento que acompanha os pensamentos práticos, intrusivos, indesejáveis ​​e repetitivos. E, quanto mais tenta dissuadir esses pensamentos, mais ela os tem. Esses pensamentos normalmente estão relacionados ao medo de que algo terrível vai acontecer se ela não tentar neutralizá-los, fazendo alguns rituais. As obsessões mais comuns são: de conteúdo sexual (pensamentos obscenos, imagens pornográficas recorrentes, impulsos incestuosos), de agressão (preocupação em ferir os outros ou a si mesma), de contaminação (preocupação com sujeira, germes, vírus ou bactérias), de armazenamento (colecionar coisas), de caráter religioso (pensamentos de escrupulosidade, blasfêmias, pecado), de simetria (organização de objetos, roupas), somática (preocupação excessiva com doenças) e de dúvidas (preocupação com o fato de não confiar em si, questionar-se se fez algo certo ou errado – fechari as portas?, desliguei o ferro?). A partir desses pensamentos, as pessoas desenvolvem os rituais ou manias para tentar evitar o pior. Alguns acabam, então, lavando as mãos com prazer, tomando banhos intermináveis, limpando a casa várias vezes no dia, fazendo organizações exageradas, guardando coisas sem utilidade, evitando contato com objetos com medo de que fiquem contaminados. Outros acabam conferindo inúmeras vezes as janelas, portas, fogões, torneiras. Outros ainda fazem rituais de contagem, entulham jornais, ligam e desligam o interruptor de luz, ambos e saem pela mesma porta. Enfim, são consideráveis ​​os rituais executados por eles. Se esses hábitos não foram cumpridos, o portador do transtorno obsessivo-compulsivo fica cada vez mais ansioso, e, quanto mais ansioso se sente, maior é a urgência de fazer alguma coisa que impeça a tragédia.

• Quando esses rituais são realizados, a ansiedade passa por um pequeno período de tempo. Porém, logo os mesmos pensamentos tornam o indivíduo incomodado, trazendo novamente a ansiedade, fazendo-o começar tudo de novo.

• Como posso saber se tenho Transtorno Obsessivo-Compulsivo? De acordo com Ana Beatriz Barbosa Silva, autora do livro Mentes & Manias (2004), o TOC possui algumas características essenciais que podem indicar a presença da patologia, diferenciando-a da mania “normal” que todos nós temos. Essas características são: longa duração em banhos, mãos avermelhadas e pele descamativa, cabelos sempre molhados, gasto exagerado de sabonetes, xampus, produtos de limpeza e papel higiênico, demora em se vestir, atrasos constantes, repetições de algumas perguntas aparentemente sem sentido, lentidão na execução de tarefas cotidianas, alteração no rendimento escolar, profissional, social e afetivo, conferência constante de gás, portas, janelas, luzes, bicos de fogão, interesse exagerado por determinadas doenças e tempo demais gasto com a limpeza da casa, entre outros. Os obsessivos frequentemente levam vidas chatas, tediosas e insatisfatórias, sofrimento de depressão, e também podem frequentemente se queixar de dores de cabeça, dores lombares e úlceras.

• É importante ressaltar que muitos escondem essas características por acharem ridículos, ficam envergonhados e acabam se isolando do mundo. Mas a conscientização dos problemas é um grande passo para a mudança e melhora do distúrbio. É interessante a família ficar atenta e oferecer ajuda, caso seja necessário, pois o portador deste transtorno sofre demais e gasta muita energia, perdendo tempo no seu dia a dia, já que os rituais podem levar horas para serem realizados.

• O TOC tem tratamento e é controlável. A procura de um terapeuta cognitivo e de uma psiquiatra é de fundamental importância para a cessação de pensamentos e rituais recorrentes. O tratamento cognitivo focaliza-se na redução do comportamento de evitação e aumento na exposição a situações e pensamentos problemáticos, sobre a modificação de atitudes relativas às responsabilidades, sobre a modificação da avaliação dos pensamentos intrusivos, sobre a prevenção da neutralização e sobre o aumento da exposição às responsabilidades, assim como a cessação da busca de reasseguramento (verificação das coisas). A terapia cognitiva aplica-se a técnicas específicas mais especificamente à mudança de pensamentos e opiniões que estão envolvidas de forma mais direta na produção do sofrimento em pacientes obsessivos.

CLEONICE DE FÁTIMA DE ANDRADE
CRP: 12/04023

TC Joinville®
R. Ministro Calógeras, 708, 2º andar.